Há três anos, enquanto tinha a honra de avaliar um amigo e aluno durante a sua mensagem na matéria “Ministrando a Palavra”, no 2º ano do Rhema, ouvi dele um exemplo prático que não só enriqueceu ainda mais o conteúdo das minhas aulas de “Submissão e Autoridade”, como me gerou muitas reflexões pessoais e me edificou bastante naquele dia e até hoje.
“Todas as vezes que chego no condomínio residencial onde moro, eu me deparo com dois elevadores: social e serviço. Certo dia, enquanto aguardava no térreo um dos dois chegar para que eu pudesse subir, o Espírito Santo me perguntou: “Em qual dos dois você tem escolhido entrar para crescer no ministério?”, disse o irmão Davi Veras.
“Uau!”, foi a minha reação e a de vários alunos que estavam naquela sala. Desde então, tenho meditado nisso para guardar o meu coração e me manter com a atitude correta, assim como, com a permissão dele, tenho citado esse exemplo em várias aulas e pregações.
Se não tivermos cuidado, nós poderemos priorizar o social, na obra do Senhor, ao invés do serviço. Entendo o social como o status diante das pessoas, o reconhecimento delas, um título, a fama, ou como escreveu o apóstolo João, “amar mais a glória dos homens do que a de Deus” (João 14.43).
É interessante porque o elevador social é geralmente bem mais bonito e, às vezes, até mais sofisticado do que o de serviço. É mais cheiroso, espelhado, lugar onde muitos até tiram selfies e as postam nas mídias sociais. O de serviço, muitas vezes, é nos bastidores, o o é pela cozinha ou área de serviço. Por transportar móveis, eletrodomésticos e até, em alguns casos, lixos, não é um ambiente tão agradável para “se exibir”.
Paulo falou que, para não usarmos da liberdade que recebemos a fim de dar ocasião à carne, devemos nos tornar servos uns dos outros pelo amor (Gálatas. 6.13). A expressão “pelo amor” faz toda a diferença. É possível estarmos servindo, mas por dentro estarmos no “elevador social”. Servindo com segundas intenções, motivos interesseiros ou vanglória. Escolher o elevador de serviço é decidir servir de todo o coração, como foi alertado aos colossenses:
“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo somente à vista como para agradar aos homens, mas em singeleza de coração, temendo ao Senhor. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que do Senhor recebereis como recompensa a herança; servi a Cristo, o Senhor” (Colossenses 3.22-24)
Servir pelo amor é fazer para as pessoas, fazendo para Deus, com a intenção de agradá-Lo e honrá-Lo. É praticar o que Jesus ensinou no sermão do Monte, registrado em Mateus 6.1: “Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão junto de vosso Pai celeste”.
Jesus não estava falando para não praticarmos boas obras na frente de pessoas, tampouco para não testemunharmos sobre algo que fizemos. O foco da Sua mensagem aqui era a nossa finalidade, a intenção ou a motivação com a qual servimos.
Em Mateus 20, a mãe de dois dos Seus discípulos lhe pediu para que Jesus desse a eles posições de destaque no Seu Reino. O Mestre foi rápido em tratar uma possível intenção errada deles, bem como dos demais discípulos que ficaram enciumados com aquele pedido. Juntando todo mundo, Jesus disse, em outras palavras: “No mundo, as pessoas preferem o elevador social. No Reino de Deus, o elevador a ser escolhido é o de serviço”.
Ele mesmo deixou o “social” do céu e se tornou homem, assumindo a forma de servo. Qual o resultado? “Deus O exaltou sobremaneira” (Filipenses 2.9). Por isso que, nesse contexto, Paulo nos mandou ter o mesmo sentimento (ou escolher o mesmo elevador) que Cristo. Jesus é o nosso maior exemplo de amor, de servidão e de submissão.
Vamos deixar o Senhor nos exaltar. Não busque o social, afinal, “não é aprovado quem a si mesmo se louva” (II Coríntios 10.18). Certa vez, vi o pastor Teófilo Hayashi compartilhar a seguinte frase no Twitter: “A sua submissão o levará mais longe do que a sua ambição pode o impulsionar”. Uau! Que verdade!
Jesus disse que somos a luz do mundo e que não se pode esconder uma luz debaixo da mesa, pelo contrário, ela será colocada em um lugar alto para poder iluminar a muitos. Lembre-se disto: ela será colocada. Não é trabalho nosso nos colocar em um lugar alto, nosso foco deve está em brilhar, onde estivermos, sendo fiéis com o que chegar às nossas mãos.
“Não se ponha em evidência; não force o caminho para aparecer. É melhor ser promovido a um lugar de honra que encarar a humilhação de ser rebaixado” (Provérbios 25.7 – A MENSAGEM).
Essas sábias palavras de Salomão me lembram da parábola contada por Jesus sobre os primeiros lugares (Lucas 14.7). Uma das lições dela foi: “Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado”.
Podemos ver, aprender e nos inspirar com muitos exemplos de homens e mulheres que serviram com fidelidade e de todo o coração ao Senhor, sem priorizar muito o social e, por isso, foram levantados e tremendamente usados por Deus. Josué, por exemplo, era conhecido como servidor de Moisés. Quantos, hoje em dia, estão em busca de um título desse? E Eliseu? Muitos querem a unção dobrada, mas não querem o serviço dobrado antes disso.
No Novo testamento, Paulo enumerou algumas qualificações necessárias para aqueles que desejavam o episcopado. Sim, desejar não é pecado, mas se esse desejo não for istrado e se tornar contra você, poderá levá-lo a pecar, a só querer entrar no elevador social e nunca pegar, de fato, o de serviço. O problema é que, ministerialmente falando, o elevador de serviço vai muito mais alto do que o social.
Por isso que, no mesmo capítulo, falando sobre os diáconos, Paulo disse que aqueles que desempenharem bem o seu serviço alcançarão para si mesmos “justa preeminência e muita intrepidez na fé” (I Timóteo 3.13). O que é a justa preeminência? Um grau de influência, credibilidade, confiança, respaldo e visibilidade conseguido de maneira digna, honesta, moralmente correta e nobre.
Se formos servos fiéis, nos tornaremos referenciais (mesmo sem querer) diante das pessoas; nos serão confiadas responsabilidades maiores, níveis de autoridade e respeito, até fama, mas com um fim proveitoso, para que possamos servir e abençoar ainda mais pessoas. Isso deve ser alcançado de maneira justa, pelo elevador de serviço. O social pode nos levar a correr o risco de conseguir uma injusta preeminência, mas não iremos muito longe assim.
Saul começou bem, mas ou a preferir mais o elevador social do que o de serviço. Quando desobedeceu à instrução do profeta, ele usou a desculpa de que foi culpa do povo e que foi “forçado pelas circunstâncias”, não se submeteu à correção, mas manteve-se preocupado com a sua imagem diante das pessoas, pedindo ao profeta Samuel para aparecer junto dele e ser visto fazendo o sacrifício.
Mas Samuel o corrigiu novamente deixando bem claro que “obedecer é melhor do que sacrificar (servir sendo visto)”: “Você acha que o Eterno quer apenas meros rituais externos?” (I Samuel 15.22 – A MENSAGEM). Por isso, seu reinado não durou o quanto deveria. Ele foi julgado. Mas, por outro lado, Davi tinha um coração de servo, desde quando cuidava das ovelhas do pai com todo o seu coração, sem ninguém saber dos seus grandes feitos. Foi por isso que Deus lhe concedeu a oportunidade de matar o gigante na frente de todos, porque ele já havia matado um leão e um urso no secreto. Davi manteve-se assim, mesmo após ser ungido e até mesmo depois de ser rei, sendo rápido em se arrepender quando corrigido pelo profeta Natã, por exemplo.
Um coração submisso, ou um “coração segundo o coração de Deus” (Atos 13.22), sempre que puder escolherá o elevador de serviço em vez do social. Este é um coração quebrantado e Deus não o despreza, mas o promove. Foi o próprio Davi quem chegou a esta conclusão para com o Senhor:
“Fingimentos Te desagradam, uma atuação impecável nada é para Ti. Quando meu orgulho é despedaçado é que adoro a Deus de verdade. O coração quebrantado, disposto a mar, não escapa, nem por um minuto, da percepção de Deus” (Salmos 51.16-17 – A MENSAGEM).