Tenho 34 anos, nasci em Guarulhos/SP, mas morei no Japão durante a minha infância, dos 10 aos 16 anos, juntamente com minha família. Fui para escola japonesa, aprendi o idioma e a cultura, que é tão rica em ensinamentos sobre disciplina, dedicação e respeito ao próximo.

Na época em que eu vivia ali, os estrangeiros não tinham muitas oportunidades de se qualificarem profissionalmente, por isso, voltei ao Brasil para estudar. Terminei o ensino médio, me formei em Direito e exerço a advocacia há aproximadamente 10 anos. Sou muito grata a Deus pela minha família. Meus pais sempre me ensinaram na Palavra, eles são meus referenciais. Tenho dois irmãos, 4 sobrinhos, e eu os amo muito! Se cheguei até aqui, com certeza foi por causa do incentivo e amor da minha família!

Guarulhos para mim, é a cidade do meu coração. É bem grande, tem muitas indústrias, comércio. Gostava de viver lá pela proximidade com São Paulo, mas tem também bastante restaurantes, cafés, parques… outra coisa boa, que eu gosto muito em Guarulhos, e que lá temos o Aeroporto internacional de São Paulo, que é o maior do Brasil, eu sempre amei ear por lá, ver os aviões e pessoas de várias nacionalidades falando diferentes idiomas.

A minha vida lá era bastante agitada, porque eu morava em Guarulhos e trabalhava em São Paulo, então, eu demorava quase 2 horas para chegar no trabalho e 2 horas pra voltar pra casa por conta do trânsito. Era sempre uma correria, saia muito cedo de casa e voltava muito tarde. No final de semana sempre tinha as atividades na igreja. Era sempre uma vida muito ativa.

Hoje moro em Campina Grande e tem sido um tempo de refrigério… de parar um pouco, respirar e com isso, ter uma qualidade de vida melhor…pra mim isso foi muito bom.

Sou casada com o Raphael, ele é o amor da minha vida, temos 3 anos de casados e 5 anos de namoro, ele é muito gentil, romântico, e cuida muito de mim. Se preocupa comigo, com a minha segurança, e é uma pessoa que tem um espírito de excelência, muito obediente, fiel a Deus, e estamos cumprindo juntos o chamado de Deus para nossas vidas.

Quando a gente começou a namorar, ele ainda não tinha certeza do chamado dele, mas tinha disponibilidade para servir ao Senhor aonde quer que fosse. Se o Senhor mandasse ele ir pra África ele iria, por causa do coração dele. Então, eu fiquei tranquila em continuar meu relacionamento.

O chamado missionário sempre foi muito forte na minha vida. Meu grande exemplo foi minha mãe, que quando solteira, foi enviada como missionária para o Perú e viveu ali por 2 anos. Ela sempre me dizia que a melhor coisa que existe na vida é cumprir a vontade de Deus. Eu, desde criança, amava ler livros sobre histórias de missionários como Hudson Taylor e David Livingstone, eu achava tudo o máximo, uma grande aventura…rs. E quando eu tinha 12 anos, eu recebi o batismo no Espírito Santo, e Deus falou comigo que eu iria levar o Evangelho para as nações.

Já tive oportunidade de fazer algumas viagens missionárias para algumas nações como Argentina, Paraguai, África do Sul, França e Portugal. E atualmente, Deus tem nos direcionado a nos mudarmos para França, para auxiliar o casal de missionários Ronnie e Luciana Princi, que lideram a IEVV Paris. Mas antes, Deus nos trouxe para Campina Grande para cursar a Escola de Missões e nos prepararmos para o chamado que Ele colocou em nossos corações.

Para entrar na França tivemos a estratégia de irmos como estudantes universitários, pois o Governo francês oferece benefícios ao estudante estrangeiro, além da permissão de trabalho em meio período. Meu esposo Raphael irá concluir a faculdade e eu pretendo cursar Mestrado em Direitos Internacionais Humanos. Já estamos estudando o idioma, e vimos essa estratégia como uma ótima oportunidade de nos inserirmos na sociedade, para alcançarmos as pessoas e estabelecermos relacionamentos. Também acredito que com esse curso eu terei mais chances de ter o aos refugiados que vivem naquele país.

Tenho uma experiência que marcou minha história. Por causa da minha profissão, eu entrei na Penitenciária Feminina da Capital em São Paulo, ao lado do antigo presídio do Carandiru, para evangelizar uma pessoa, isso aconteceu há alguns anos atrás. Confesso que não foi um lugar onde eu desejava ir, mas eu estava disposta a servir a Deus. Eu já servia na igreja, mas por causa do chamado missionário queria algo mais. Minha amiga Jacqueline, que na época trabalhava na Agência de Missões, me perguntou se eu poderia visitar uma moça portuguesa que estava presa em São Paulo. Esse pedido veio através do professor do Rhema de Angola, Filipe Berardi, que é amigo dessa moça, e ele pediu ao Apóstolo Guto que enviasse alguém em São Paulo para ajudá-la. Aprouve a Deus que fosse eu essa pessoa.

A princípio era só pra eu ajudar no processo dela, eu nunca tinha entrado em um presídio antes, mas como fui como advogada, o o foi bem fácil.   Na primeira visita, a chamaram e ela obviamente, ficou desconfiada, pois não me conhecia e não tinha dinheiro para pagar advogado. Eu expliquei que fui a pedido do amigo dela, e que esse pedido veio através do Apóstolo Guto, líder do nosso Ministério, e que Deus tinha movido pessoas de vários lugares só para abençoá-la. Ela ficou muito feliz, pois fazia 2 anos que ela não recebia nenhuma visita, criamos um elo e foi uma compaixão instantânea. Uma conexão divina mesmo. Quando eu saí do presidio naquele dia, Deus me falou que eu iria fazer um discipulado com ela.

Eu sabia que durante a semana eu não teria tempo para visitá-la, porque eu trabalhava de dia e fazia o 2º ano do Rhema à noite, e nos fins de semana eu cursava a Escola de Ministros. O único horário que eu poderia entrar como advogada seria durante a semana em horário comercial.

Aos domingos à tarde era o dia de visita dos parentes. Ela me alertou que se eu quisesse ir nesse horário eu teria que entrar como visita e me submeter a ar por revista intima, que é um procedimento de segurança para entrada nos presídios… é bem humilhante, mas me submeti pelo propósito. Mesmo sendo advogada, naquele momento, eu não podia usar das vantagens da profissão, porque eu entrava no presídio como amiga dela. Claro que o diabo me dizia que eu não podia, que eu não ia conseguir, ele dizia: “Olha pra você, acha mesmo que vai conseguir entrar ali? As pessoas vão te engolir viva…” mas, logo eu detectei que esse não era um pensamento vindo de Deus.

Aquilo que eu aprendia no Rhema, eu ava para Leonilde nas visitas de domingo. Ela já havia aceitado a Jesus dentro do presídio, mas o que eu não sabia é que ela tinha muita vontade de aprender mais sobre a Palavra e havia orado pedindo a Deus para ter uma amiga que não fosse do meio onde ela vivia.

A cada domingo eu percebia que ela ia crescendo espiritualmente, tinha muita fome de aprender a Palavra, e ficava muito feliz com as visitas. O que eu ensinava, ela ava para outras mulheres na cela. Eu não podia entrar com uma Bíblia, ou qualquer outro material, mas enviei pelo correio para ela uma apostila de Discipulado e livros do Kenneth Hagin para ela ler durante a semana. Nessas visitas ela sugava tudo o que eu tinha para falar, me pedia conselhos e isso me trazia muita alegria. Vivi muita graça do Senhor naquele tempo.

No pavilhão em que ela estava presa só tinham mulheres estrangeiras, e eu cheguei a ministrar a Palavra não só para ela, mas para outras mulheres de mais de 15 nacionalidades diferentes, muitas aceitaram a Jesus, se reconciliaram com Deus e receberam curas instantâneas, teve até uma mulher angolana que foi curada de AIDS. O que Deus havia falado comigo quando eu era criança começava a se cumprir ali no presídio…Eu estava tão feliz por estar cumprindo a vontade de Deus, que mesmo ando por situações difíceis para entrar naquele presídio, eu estava plenamente realizada. Depois de um tempo, meu esposo Raphael conseguiu entrar no presídio também e ficou mais leve para mim. Essas visitas duraram um ano e nove meses.

Enquanto ela estava presa eu imprimi uma foto do pastor Isaac e Sayonara, que eram os pastores em Lisboa, Portugal, pra ela colocar na parede da cela e ensinei ela a confessar sua fé: “Declare que você vai sair daqui, vai congregar com eles em Lisboa e vai fazer o Rhema” e assim ela fez. Um amigo advogado me ajudava com o processo dela e conseguiu o benefício da saída temporária. Na época quase nenhuma estrangeira conseguia esse benefício, mas ela obteve graça e favor diante das autoridades. Nessas ocasiões eu levava Leonilde para a minha casa, íamos para a igreja juntas, e o pessoal da nossa igreja em Guarulhos a recebia muito bem, não a rejeitaram e isso a tocou muito.

Enfim, ela cumpriu o tempo da pena e voltou para Lisboa/Portugal, congrega na Igreja Verbo da Vida de lá, e concluiu o Rhema em 2017. Na formatura dela, o apóstolo Guto esteve presente e contou para ela que o desejo de ter o Rhema no sistema prisional nasceu no coração dele por causa do testemunho dela. Hoje ela vê como é especial para o Senhor. Eu vejo que realmente tudo valeu a pena. Aprendi como é importante obedecer nos mínimos detalhes, mesmo parecendo pouco, porque Deus pode fazer coisas grandes através da nossa obediência.

Deus me mostrou que sou mais corajosa do eu pensava. Tanto que é que depois do discipulado com a Leonilde, eu comecei um trabalho de evangelismo e ensino da Palavra, junto com um grupo da IEVV Guarulhos, na Fundação Casa em São Paulo, que é basicamente um presídio para menores infratores. Era algo que eu também não desejava. Eu tinha dito a Deus para nunca me levar nesse presídio, porque eu dizia que não sabia como lidar com adolescentes, mas foi onde Deus me levou. Antes de entrarmos Deus me disse que estávamos indo lá como resposta de oração das mães, então enfrentei o medo e percebia a graça e unção de Deus em todo tempo me capacitando. Ainda que parecesse difícil, tínhamos a consciência de que carregamos a presença de Deus e que o diabo tinha que fugir, e era exatamente o que acontecia.

Em pouco mais de 1 ano, tivemos favor e graça diante das autoridades e conseguimos entrar em 2 unidades da Fundação Casa, em Santo André e Mauá. Mais de 700 jovens ouviram a Palavra e muitos aceitaram a Jesus, se reconciliaram com Deus, foram curados e batizados no Espírito Santo. E o trabalho continua, depois que eu vim para Campina Grande o grupo conseguiu autorização para entrar em mais 4 unidades, ao total hoje estão ensinando a Palavra em 6 unidades da Fundação Casa em São Paulo. Vivemos um verdadeiro avivamento naqueles lugares!

Hoje estamos cursando a Escola de Missões em Campina Grande e felizes por estar no centro da vontade de Deus. Eu sempre quis cursar essa escola, mas não entendia a importância de ar por aqui antes de ir para o campo missionário, hoje nós entendemos e somos gratos a Deus e ao nosso pastor por ter nos enviado para esse treinamento.

Eu sou uma pessoa discreta, calma, dedicada e determinada, que corre atrás de alcançar meus objetivos, gosto muito de servir e tenho um amor especial pelos excluídos. Meu sonho é cumprir os sonhos de Deus, de alcançar o máximo de pessoas que eu puder enquanto estivermos na terra, servi-lo de todo coração e entendimento, com todas as habilidades que ele já colocou em mim.  Ter uma boa casa, um bom carro, filhos, isso é consequência.

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